Bom dia! 🌞
Muito bom estar por aqui de novo. Espero que goste dessa segunda edição. Estou compartilhando alguns detalhes da news no meu Instagram @quasequando, segue lá e manda pros amigos!
Atalho: um caminho pouco usual, que não é o caminho “principal”, o mais bem sucedido, o mais brilhante, ou mais original. Mas, sim, uma rota alternativa. Um passo fora da rota, talvez. Gosto dessa ideia.
Pra ilustrar o pensamento, duas histórias que eu amo muito e uma que me encantou nessa semana.
I Just Wanna Get Along
Contam as entrevistas e páginas na web que a Kim Deal estava de saco cheio dos caras do Pixies enquanto fazia turnê com eles ali em 1980/90. Ela queria compor mais músicas, mas não autorizavam ela a ter mais espaço na banda. Começou a escrever pra si e montou um super grupo. O primeiro disco, Pod (1990), ficou famoso porque — além do som hipnotizante — foi citado pelo Kurt Cobain como referência pro Nirvana. Enfim, enfim, essa é a The Breeders.
A história da banda é um patchwork de pessoas talentosas reunidas que resulta nesse som meio quebrado que se pregou no grunge nos anos 90. É que essas músicas colam na gente mesmo. Foi por causa da vontade da Kim de fazer acontecer que ela trouxe sua irmã, Kelley — que não sabia tocar guitarra —, pra banda; que ela fez contatos na gravadora que ela já conhecia — por causa do Pixies — pra lançar as faixas; que a música voou e chegou nas pessoas certas. Vários atalhos. ✂
Escute! Recomendo começar pelo Last Splash (1992). Elas também têm um Tiny Desk Concert de 2018, com a formação original dos anos 90 reunida, que é uma gema.
Risque essa palavra
Conheci a Lydia Davis fazendo uma oficina de escrita literária no Estratégias Narrativas. Foi nessa época que eu caí de amores pelos microcontos.
Ela é referenciada no meio literário como a mestra ou mesmo como a praticante mais relevante dessa “flash fiction”. É que alguns contos dela chegam a ter duas frases. Isso torna até um pouco difícil a missão de explicar a magia narrativa que ela possui. Como os contos mostram o cotidiano, a burocracia do dia a dia, os sentimentos de luto e até sonhos surreais, unindo tudo sob uma lente própria. É um gênero complicado de ser encaixado nas categorias que conhecemos, e por isso me encanta.
Surfando no Google, vi essas aspas dela no Medium da Bravo!:
“Há pouco tempo deixei de ganhar um prêmio literário porque, segundo eles, sou preguiçosa. O que queriam dizer com preguiçosa é que sou muito econômica. Por exemplo: nunca escrevo por inteiro a expressão ‘não vem que não tem’, abreviando, em vez disso, para ‘nem vem’”.
Economizando palavras — ou seja, pegando esse atalho —, ela fundou um gênero. Aqui um conto do livro Nem Vem (2017):
Efeméride
🔮 O vídeo do Damon Albarn, do Gorillaz, mostrando que a base instrumental de Clint Eastwood — esse mega hit que ultrapassa gerações — era um som pré-programado em um dos instrumentos eletrônicos que ele tinha. Se você não viu na sua timeline essa semana, assiste aqui. É maravilhoso. Mais uma prova de que os atalhos são o caminho.
Em resumo:
Pra quê tornar sua vida mais difícil se você pode tornar ela mais fácil?
Beijos!